Himan

HIMAN





Himan é o nome artistico de Eduardo Tavares, um produtor português que consegue uma versatilidade bastante grande em termos de estilo sonoro, olhando para os seus trabalhos mais atentamente sente-se que vai "beber" a varias vertentes musicais. Reconhecido fora do nosso país e dentro dele é um artista a ter em conta no panorama nacional. Ele que nos vai deliciar com o Coolcast 004, que sai na próxima semana.
Fiquem com a entrevista e já sabem, fiquem atentos ao que é nacional!


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Entrevista


Como surgiu o Himan?


Antes de mais tenho de enaltecer esta iniciativa, que acho preponderante para a exposição de jovens talentos, que merecem ser conhecidos, pelo trabalho que apresentam, e também por o esforço que empregam numa coisa tão boa e saudável que é a música. Ora, o Himan nasceu por um conjunto de influências musicais, e principalmente pelo gosto que tenho pela música, seja ela electrónica, indie ou rock.  A minha família, sempre foi muito ligada à música, é de facto uma família de artistas onde existe uma magnífica cantora de fado, um soberbo baixista e um produtor/DJ fantástico, este último uma grande influência, e a pessoa que me fez despoletar o interesse em produzir música, o nosso conhecido Filipe Furão AKA  Jackspot.  Não tenho qualquer tipo de formação musical, utilizo apenas software e hardware com base nos conhecimentos que adquiri nestes últimos três anos. Não sou DJ, mas posso fazer DJ-Set´s, realço isso, porque em 2009, surgiu o que eu considero realmente a minha paixão, que são os “LIVE-ACTS”. Não há melhor sensação do que ver uma pista cheia de pessoas a dançar, com a minha música. Além disso, o facto de tu próprio poderes direccionar, criar, recriar as tuas próprias músicas, é algo que acho fascinante. O nome Himan, ao contrário do que muitos pensam, nada tem a haver coma personagem animada (do qual também sou fã), mas provêm da simples frase: “hi man are you ok?” , ficou então Himan um nome simples para uma pessoa simples, como me considero. 

Quais as tuas influências?

As minhas influências são variadas, mas posso dizer que o estilo electrónico não é o que ouço mais, procuro obviamente, perceber quais as tendências, tenho os meus artistas de referência, gosto de ouvir o que está a sair de novo, mas ouço maioritariamente bandas indie, rock, blues, experimentais e jazz. Como principais influências tenho de referenciar o meu ídolo o meu Pai. Ele é um fã de Jean Michel Jarre, e desde muito cedo comecei a ouvir, e a gostar de toda aquela sonoridade que provinha do velho gira discos que ainda hoje existe e toca com uma precisão notável.  Quando comecei a ouvir música electrónica, era mesmo isso que ouvia, Jean Michel Jarre, Kraftwerk, mas foram alguns “big names” do techno dos anos 90 que me fascinaram.  Como respondi  anteriormente, fui também influenciado por algumas pessoas que me são mais próximas,  e que para mim são verdadeiros talentos. Como é o caso do Jackspot, Calapez, Pedro Beça, Tuffstuff, Júlio Maciel, pessoas que foram importantes para conseguir atingir o que já atingi. Existe muito talento em Portugal, muitas pessoas interessadas, muitos bons ouvidos, e é bonito ver e perceber isso.
Sentes-te um produtor de house music? Como defines o teu trabalho quanto a estilo e linha sonora?

Honestamente, não encontro estilo definido no trabalho que desenvolvo. Quem conhece o meu trabalho sabe que tanto produzo música para a pista, como música para se ouvir no quarto de olhos fechados. Adoro música ambiental, experimental, música que me faz sonhar, e que transmite sentimentos totalmente diferentes da música mais “dancável”. Logo o meu estilo, acabo por ser o meu estado de espírito, os meus pensamentos, o meu dia-a-dia, o que ouço e o que não ouço. 
Qual a tua opinião sobre a cultura club em Portugal?

Normalmente, não costumo ser crítico relativamente a esse tema, porque não sou a melhor pessoa para opinar sobre o assunto. Conheço apenas um pouco da cultura club em Lisboa, até porque não sou uma pessoa que frequente muito a “noite”. Do pouco que conheço, posso dizer, que existem clubes com qualidade outros que nem tanto. Posso dizer também que as pessoas se movem por “hypes”, porque aquele espaço é “fancy” e porque todos vão para lá, e porque há que vestir bem para lá entrar. Mas conheço, e sei que existem pessoas que fazem as coisas pelo amor à música e acho que isso é o mais importante. Obviamente que tem de existir um ponto de equilíbrio, porque infelizmente as pessoas não pagam a renda de casa com amor, mas é notório onde existe algum “show off” que para mim torna as coisas plásticas e sem interesse. 
Em Portugal qual o artista que mais gostas?

Como já referi, existe imenso talento em Portugal, e cada vez existirá mais. Não vou falar em nenhum nome em concreto, por uma questão de respeito para com outros artistas, onde vejo talento, ou mesmo para com aqueles que ainda não conheço. De qualquer das maneiras, posso afirmar com todo o orgulho, que qualidade é algo que não nos falta, comparativamente a outras cidades europeias. 
Fala-nos um pouco das tuas aventuras fora deste país. O que mais gostaste, o que menos gostaste, quais as diferenças mais significativas que encontras.
Esta foi a minha segunda vez em Londres, brevemente irá ser Barcelona e Croácia. Que posso eu dizer de Londres? É uma metrópole enquanto cidade e enquanto música. Centenas de clubes, muitas pessoas, existe profissionalismo. O novo hype está em Londres como todos nós sabemos, eu tive a sorte de ter sido convidado por pessoas que estão um bocado fora dessa “nova” onda musical, e exploram a cultura mais underground que para mim é mais apetecível. Foi sempre um sonho poder tocar no estrangeiro, esta última ao lado de nomes como Kaspar e Alex Jones. O que mais gostei foi a forma como as pessoas encaram o que estão a ouvir e a ver. Para me fazer perceber, esta última vez que fui convidado, toquei duas vezes, uma em formato LIVE, outra em DJ-SET. Na primeira vez toquei num “warehouse” gigante, onde tinhas a pista, o bar, e nada mais. Estiveram perto de 1000 pessoas, e eu senti, que pelo menos metade, marcaram presença porque conheciam o meu trabalho, como o de todos os produtores que tocaram nessa mesma noite. Acho que é o melhor sentimento que um produtor de música pode ter. Eu faço da música um hobby, e ver que conhecem e reconhecem o meu trabalho fora do meu país, é algo gratificante e prestigiante. Aspectos negativos? Adoro a comida portuguesa... ahah!  É uma cultura musical totalmente diferente, onde se vive, sente-se como eu nunca vi em nenhum lado.

A linha que separa o comercial e o mais underground, por vezes é muito ténue, achas que em Portugal se trabalha mais para desenvolver a cena comercial ou underground?

Existe um misto dos dois, mas não associo, como muitos, que artistas que produzem música comercial, o fazem para ganhar dinheiro, ou para alcançarem mais visibilidade, também os há, mas não o vejo assim. Vejo que também tem de existir música comercial, porque existem pessoas que gostam de música comercial, como também tem de existir música mais underground para pessoas que gostam de música mais underground. É assim que as coisas funcionam, pelo menos na minha perspectiva. E com isto, quero dizer que há que respeitar o trabalho de todos. Não gostam? não ouçam,  não frequentem. Procurem alternativas mediante o próprio gosto pessoal.  

 
Em Portugal qual foi o sítio que mais gostaste de actuar?

Por onde passei sempre fui bem recebido. Mas tenho de salientar alguns. A primeira vez que apresentei o meu trabalho, foi no Bar Lounge, no Cais do Sodré. Foi gratificante por ser a “minha primeira vez” uma “casa” do qual eu gosto muito, onde encontro sempre bons amigos, onde se pode ouvir boa música, ver gente gira, e onde se encontra muito talento. Gostei imenso de tocar no Jardim da Estrela a convite do Manu Caldeira, desta feita numa tarde solarenga, onde consegui explorar o meu trabalho mais ambiental/experimental. Por último, tenho de falar do Europa, onde toquei há uns meses, foi realmente uma noite excelente, onde toquei com amigos, e onde mais senti, até hoje, a vibração das pessoas que estavam na pista.
Obrigado pela oportunidade,
Eduardo Tavares