Entrevista com os USB 

Depois de um podcast cheio de surpresas e boas vibrações, os United Soul Brothers brindam-nos com uma entrevista, onde falam, sobre si, a carreira, e projectos futuros.







1    Como começou este projecto e porque o nome United Soul Brothers?

Os United Soul Brothers surgiram de forma muito natural. Como ambos frequentávamos assiduamente a mesma loja de discos e partilhávamos das mesmas tendências musicais, decidimos então experimentar tocar juntos. Surgiu um convite para actuarmos na recepção ao Caloiro do IPCA em Barcelos e então tínhamos de encontrar um nome que nos identificasse enquanto dupla. Rapidamente chega-mos ao nome, que passaria obviamente pela palavra “soul” porque é algo que está presente em todos os nossos “sets” e em tudo que fazemos,e vem das nossas influências musicais; Brothers porque curiosamente faze-mos anos no mesmo dia, “united” obviamente advém da união. Depois dessa primeira festa, onde resultado foi fantástico, não fazia sentido seguirmos carreiras separadamente! A cumplicidade foi tal na cabine que desde então continuamos juntos neste projecto que já vai para o seu 6º ano!   

O que significa para vocês ser Dj?

Encaramos com muita responsabilidade e dedicação o facto de sermos Dj’s. Ser Dj para nós é muito mais do que misturar uns discos, é um estilo de vida, é uma forma de arte que vivemos todos os dias. Ser Dj para nós não é moda, alias na altura em que cada um de nós começou a tocar, ser Dj nem era uma profissão de relevo! Ser Dj é ter o privilégio de partilhar a música e poder através dessa partilha vivenciar emoções e partilhar a nossa paixão pela música.
São horas de pesquisa em todo o tipo de lojas de música, a procurar do disco perfeito, para tentar marcar a diferença dos outros. Infelizmente nos dias que correm ser DJ está na moda, e tal como tudo que se banaliza, a qualidade dos profissionais decresce a olhos vistos, acabando por denegrir a imagem do DJ.


Vinil ou digital qual preferem?

Sem dúvida nenhuma que o vinil será sempre a nossa escolha, por várias razões. Pelo som quente do disco, pelo artwork das capas, pelo toque dos discos nas pontas dos dedos, pelo trabalho minucioso que tens de pesquisa! Dedicamos horas a procurar discos na internet nos ainda resistentes armazéns e lojas de discos pelo mundo fora, através da internet! Cada vez mais sentimos saudades de ir a uma loja de discos e estar horas a ouvir música nova e depois correr para casa/estúdio fazer os primeiros “mixes” com o carregamento que acabara de ser adicionado à nossa colecção. Nada supéra estar horas a misturar nos lendários Technics!
Infelizmente fomos “forçados” a aderir às novas tecnologias, ou seja, utilizamos o suporte digital, porque maior parte das vezes os clubs ou não tem gira-discos ou os mesmos estão danificados e negligenciados. 

Quais as vossas influências musícais, no que diz respeito  musica de dança?

Foram sem dúvida muitos os nomes que nos trouxeram até aos dias de hoje, podemos enumerar alguns mas muitos ficarão por referenciar.
Moodymann, Masters at Work, Todd Terry, Ricardo Villalobos, Cassy, Delano Smith, Boo Williams, Carl Craig, Frankie Knuckles, Dimitri from Paris, Mark Farina, Derrick Carter, Danny Tenaglia, Chez Damier, Marc Kinchen (MK), são apenas alguns.


Nestes anos todos, qual a festa que mais gostaram de tocar e porquê?

É impossível responder a esta questão, visto que foram muitas as noites bem passadas durante estes anos de United Soul Brothers. As noites onde mais nos divertimos foram sem dúvida aquelas em que se criou a simbiose perfeita entre a Nós e o Publico, ou seja, entre a cabine e o dancefloor. Fomos residentes num Club onde passamos noites únicas e memoráveis onde o final da noite era o momento mais complicado porque tínhamos de desligar os pratos! Nem sempre as festas com milhares de pessoas são as melhores mas passamos em alguns clubs e festivais que nos marcaram bastante.




Qual o vosso dj ou produtor português favorito?

São vários os DJ’s e produtores nacionais que respeitamos e temos como referência, cada um com os seus predicados. Paul Jays que infelizmente não dá um ar da sua graça algum tempo mas que tem qualidades inegáveis como produtor; Dj Vibe é obviamente uma referência na cena electrónica nacional, quer como DJ quer como Produtor; o mágico Rui Vargas que possui um gosto e conhecimento musical muito acima da média e o Magazino pela atmosfera que consegue gerar no dancefloor! Mas enumerar desta forma acaba por se tornar injusto, pois foram tantos os djs e produtores que fizeram parte da construção da cena electrónica nacional que acabaram por desaparecer ou que simplesmente não acompanharam a evolução que acabam por ser esquecidos.



Quais os vossos projectos futuros?

O futuro dos United Soul Brothers passa obrigatoriamente pela produção. Já temos alguns temas “em construção” que brevemente estarão cá fora.
Passa também pela organização e promoção de eventos ligados á música electrónica e tudo que “respire” cultura urbana.
Ter finalmente a possibilidade de abrir o nosso Club também faz parte do nosso futuro.
E claro, continuarmos a tocar por Portugal e no estrangeiro.


Qual a vossa opinião sobre o futuro da música de dança em Portugal?

Se analisarmos o panorama actual em Portugal, dizemos frontalmente que na sua globalidade a música de dança em Portugal se comercializou e se empobreceu. Felizmente ainda existem clubs e promotores que apostam na qualidade da música electrónica abrindo assim um espaço para que no futuro Portugal volte a ser um dos spots mais importantes no seio clubbing. Hoje em dia a música de dança de uma forma global, acabou por criar novos estilos musicais, sustentados por pequenos nichos de pessoas encontrando muito do seu suporte e divulgação através da Internet! O problema em Portugal acaba por ser Cultural, pois temos novos produtores a dar cartas no panorama internacional, novas labels nacionais atentas ao que acontece a nível internacional e apostarem no vinyl como suporte primordial, alguns bons clubs e promotores, só nos falta conseguir que as rádios voltem aos padrões de qualidade de alguns anos atrás e que as pessoas consigam ser mente aberta para ouvir coisas novas. As sementes andam por ai, esperemos que voltem a cair em boa terra e a dar os seus frutos.