Entrevista com os USB
1 Como começou este
projecto e porque o nome United Soul Brothers?
Os United Soul Brothers
surgiram de forma muito natural. Como ambos frequentávamos assiduamente a mesma
loja de discos e partilhávamos das mesmas tendências musicais, decidimos então
experimentar tocar juntos. Surgiu um convite para actuarmos na recepção ao
Caloiro do IPCA em Barcelos e então tínhamos de encontrar um nome que nos
identificasse enquanto dupla. Rapidamente chega-mos ao nome, que passaria
obviamente pela palavra “soul” porque é algo que está presente em todos os
nossos “sets” e em tudo que fazemos,e vem das nossas influências musicais;
Brothers porque curiosamente faze-mos anos no mesmo dia, “united” obviamente
advém da união. Depois dessa primeira festa, onde resultado foi fantástico, não
fazia sentido seguirmos carreiras separadamente! A cumplicidade foi tal na
cabine que desde então continuamos juntos neste projecto que já vai para o seu
6º ano!
O que significa para vocês ser Dj?
Encaramos com muita
responsabilidade e dedicação o facto de sermos Dj’s. Ser Dj para nós é muito
mais do que misturar uns discos, é um estilo de vida, é uma forma de arte que
vivemos todos os dias. Ser Dj para nós não é moda, alias na altura em que cada
um de nós começou a tocar, ser Dj nem era uma profissão de relevo! Ser Dj é ter
o privilégio de partilhar a música e poder através dessa partilha vivenciar
emoções e partilhar a nossa paixão pela música.
São horas de pesquisa em todo o tipo de lojas de música, a procurar do disco perfeito, para tentar marcar a diferença dos outros. Infelizmente nos dias que correm ser DJ está na moda, e tal como tudo que se banaliza, a qualidade dos profissionais decresce a olhos vistos, acabando por denegrir a imagem do DJ.
São horas de pesquisa em todo o tipo de lojas de música, a procurar do disco perfeito, para tentar marcar a diferença dos outros. Infelizmente nos dias que correm ser DJ está na moda, e tal como tudo que se banaliza, a qualidade dos profissionais decresce a olhos vistos, acabando por denegrir a imagem do DJ.
Vinil ou digital qual preferem?
Sem dúvida nenhuma que o
vinil será sempre a nossa escolha, por várias razões. Pelo som quente do disco,
pelo artwork das capas, pelo toque dos discos nas pontas dos dedos, pelo
trabalho minucioso que tens de pesquisa! Dedicamos horas a procurar discos na
internet nos ainda resistentes armazéns e lojas de discos pelo mundo fora,
através da internet! Cada vez mais sentimos saudades de ir a uma loja de discos
e estar horas a ouvir música nova e depois correr para casa/estúdio fazer os
primeiros “mixes” com o carregamento que acabara de ser adicionado à nossa
colecção. Nada supéra estar horas a misturar nos lendários Technics!
Infelizmente fomos
“forçados” a aderir às novas tecnologias, ou seja, utilizamos o suporte
digital, porque maior parte das vezes os clubs ou não tem gira-discos ou os
mesmos estão danificados e negligenciados.
Quais as vossas influências musícais, no que diz
respeito musica de dança?
Foram sem dúvida muitos os nomes que nos trouxeram até aos dias de hoje, podemos enumerar alguns mas muitos ficarão por referenciar.
Moodymann, Masters at Work, Todd Terry, Ricardo Villalobos, Cassy, Delano Smith, Boo Williams, Carl Craig, Frankie Knuckles, Dimitri from Paris, Mark Farina, Derrick Carter, Danny Tenaglia, Chez Damier, Marc Kinchen (MK), são apenas alguns.
Nestes anos todos, qual a festa que mais gostaram
de tocar e porquê?
É impossível responder a
esta questão, visto que foram muitas as noites bem passadas durante estes anos
de United Soul Brothers. As noites onde mais nos divertimos foram sem dúvida
aquelas em que se criou a simbiose perfeita entre a Nós e o Publico, ou seja,
entre a cabine e o dancefloor. Fomos residentes num Club onde passamos noites
únicas e memoráveis onde o final da noite era o momento mais complicado porque
tínhamos de desligar os pratos! Nem sempre as festas com milhares de pessoas
são as melhores mas passamos em alguns clubs e festivais que nos marcaram
bastante.
Qual o vosso dj ou produtor português favorito?
São vários os DJ’s e
produtores nacionais que respeitamos e temos como referência, cada um com os
seus predicados. Paul Jays que infelizmente não dá um ar da sua graça algum
tempo mas que tem qualidades inegáveis como produtor; Dj Vibe é obviamente uma
referência na cena electrónica nacional, quer como DJ quer como Produtor; o
mágico Rui Vargas que possui um gosto e conhecimento musical muito acima da
média e o Magazino pela atmosfera que consegue gerar no dancefloor! Mas
enumerar desta forma acaba por se tornar injusto, pois foram tantos os djs e
produtores que fizeram parte da construção da cena electrónica nacional que
acabaram por desaparecer ou que simplesmente não acompanharam a evolução que
acabam por ser esquecidos.
Quais os vossos projectos futuros?
O futuro dos United Soul
Brothers passa obrigatoriamente pela produção. Já temos alguns temas “em
construção” que brevemente estarão cá fora.
Passa também pela
organização e promoção de eventos ligados á música electrónica e tudo que
“respire” cultura urbana.
Ter finalmente a
possibilidade de abrir o nosso Club também faz parte do nosso futuro.
E claro, continuarmos a
tocar por Portugal e no estrangeiro.
Qual a vossa opinião sobre o futuro da música de
dança em Portugal?
Se analisarmos o panorama actual
em Portugal, dizemos frontalmente que na sua globalidade a música de dança em
Portugal se comercializou e se empobreceu. Felizmente ainda existem clubs e
promotores que apostam na qualidade da música electrónica abrindo assim um
espaço para que no futuro Portugal volte a ser um dos spots mais importantes no
seio clubbing. Hoje em dia a música de dança de uma forma
global, acabou por criar novos estilos musicais, sustentados por pequenos
nichos de pessoas encontrando muito do seu suporte e divulgação através da
Internet! O problema em Portugal acaba por ser Cultural, pois temos novos
produtores a dar cartas no panorama internacional, novas labels nacionais
atentas ao que acontece a nível internacional e apostarem no vinyl como suporte
primordial, alguns bons clubs e promotores, só nos falta conseguir que as
rádios voltem aos padrões de qualidade de alguns anos atrás e que as pessoas
consigam ser mente aberta para ouvir coisas novas. As sementes andam por ai,
esperemos que voltem a cair em boa terra e a dar os seus frutos.